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Por causa
da sua posição pacifista, logo no início da Primeira
Guerra Mundial Einstein passou a enfrentar represálias políticas,
inicialmente verbais e posteriormente através de atos de vandalismo.
Em 12 de fevereiro de 1920, alegando falta de lugares para acomodar todos
os interessados, algumas pessoas provocaram distúrbios durante uma
aula de Einstein na Universidade de Berlim. Numa declaração
à imprensa Einstein afirmou que existia certa hostilidade dirigida
a ele; não era algo explicitamente anti-semita, mas podia ser interpretado
como tal (Pais, 1995, p. 375). Depois, em 24 de agosto do mesmo ano, a
recém-fundada organização científica Arbetsgemeinschaft
deutscher Naturforscher, organizou uma reunião na maior sala
de concertos de Berlim com o objetivo de criticar o conteúdo da
teoria da relatividade e a alegada propaganda de mau gosto que seu autor
fazia em torno dela. Três dias depois Einstein comentou a reunião,
dizendo que as reações poderiam ter sido outras se ele fosse
"um cidadão alemão, com ou sem suástica, em vez de
um judeu com convicções liberais internacionais" (Pais, 1995,
p. 375).
Com a eleição de Hitler para o cargo de Chanceler, em
janeiro de 1933, a perseguição a Einstein ameaçava
atingir níveis insuportáveis. Em visita a algumas instituições
americanas (Esteve no Caltech de dezembro de 1932 até março
de 1933. Depois visitou, brevemente, a Universidade de Nova York e a Universidade
de Chicago), Einstein deveria voltar para a Alemanha, mas foi desaconselhado
por Paul Schwartz, cônsul alemão: "Se você for para
a Alemanha, Albert, vão arrastá-lo pelas ruas pelos cabelos"
(Brian, p.271). Referindo-se a um discurso que Einstein fez aos pacifistas
americanos, um editor de jornal em Berlim escreveu: "(...) esse enfatuado
monte de vaidades ousou emitir um julgamento contra a Alemanha sem saber
o que acontece por aqui - coisas que serão eternamente incompreensíveis
para um homem que, para nós, nunca foi alemão, e que se diz
judeu e nada mais que judeu" (Brian, p.272). Logo em seguida tropas de
choque revistaram o apartamento de Einstein em Berlim, mas saíram
de mãos vazias. Margot havia transferido, clandestinamente, todos
os papéis importantes para a Embaixada da França em Berlim.
Tropas de choque (as S.A.) revistaram a casa de campo de Einstein, em Caputh
(pequena aldeia perto de Berlim) em busca de armas e munição,
pois tinham informações de que ele dera permissão
para militantes comunistas estocarem equipamento militar em sua propriedade.
Nada foi encontrado, além de uma faca de pão! (Brian, p.
272). Tais acontecimentos haviam sido previstos por Einstein. De acordo
com Abraham Pais (Pais, 1995, p.377), ao fechar a casa em Caputh ele teria
dito a Elsa: "Dreh dich um. Du siehst's nie wieder" ("Olha em volta.
Não voltarás a vê-la").
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Dos Estados
Unidos Einstein foi para Antuérpia, chegando no dia 28 de março
de 1933. Logo depois fixou residência em Le coq sur Mer, na
costa belga. Juntaram-se as filhas de Elsa, Ilse e Margot, a secretária
Helen Dukas, e o assistente de Einstein, Walther Mayer. Em 9 de setembro
Einstein deixou o continente europeu para sempre; foi para a Inglaterra.
Em 7 de outubro embarca em Southampton, juntando-se a Elsa, Helen Dukas
e Walther Mayer, que haviam embarcado em Antuérpia. Dez dias depois
estavam chegando a Nova York. Depois da quarentena foram conduzidos diretamente
a Princeton, onde permaneceria, trabalhando no Instituto de Estudos Avançados,
até a sua morte, em 18 de abril de 1955.
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Sua presença
nos Estados Unidos sempre teve grande repercussão pela sua história
anterior e pelo seu carisma, mas seu trabalho científico, durante
o exílio americano, jamais causou o impacto dos trabalhos anteriores.
Entre as várias atividades e manifestações políticas,
ganhou grande destaque suas cartas ao presidente Roosevelt, incentivando-o
a apoiar o programa de fabricação de armas atômicas.
Sabe-se todavia que a participação de Einstein foi apenas
marginal. Na verdade, era "quase-ignorante" em física nuclear. Em
14 de março de 1939, ao completar sessenta anos, Einstein deu uma
entrevista ao New York Times, na qual declarava não acreditar
que a energia liberada no processo de divisão do átomo pudesse
ser usada para fins práticos. Em julho, depois de ouvir os comentários
de Leo Szilard e Eugene Wigner, e convencido de que os alemães poderiam
fabricar uma bomba nuclear, ele exclamou: "jamais pensei nisso".
Em 2 de agosto, Einstein escreveu a famosa carta para o presidente Roosevelt,
alertando-o para a possibilidade da bomba nuclear alemã. Aparentemente,
esta carta não causou grande impressão no governo norte-americano;
os recursos destinados para as pesquisas sobre fissão nuclear eram
insignificantes. Por sugestão de alguns cientistas, Einstein escreveu
outra carta para Roosevelt, em 7 de março de 1940. Mais uma vez,
o Presidente não foi significativamente influenciado, pois só
decidiu iniciar o projeto Manhattan em outubro de 1941. Do que se sabe,
a participação de Albert Einstein nesse projeto resume-se
aos fatos aqui mencionados. Nos últimos anos da sua vida ele teria
dito (Pais, 1995, p.539): "Se soubesse que os alemães não
seriam bem-sucedidos na produção da bomba atômica,
não teria levantado um dedo".
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